Linguagem como recurso de interação e interatividade no contexto digital
Neste módulo exploraremos alguns especificidades da linguagem voltada ao ciberespaço como hipertextualidade e hibridicidade, bem como sua importância como prática social.
Enfim, falaremos sobre a linguagem como comunicação no ciberespaço.
Vamos lá!
Linguagem como Prática Social
Linguagem Hipertextual
Linguagem Híbrida
Referências
Neste módulo exploraremos alguns especificidades da linguagem voltada ao ciberespaço como hipertextualidade e hibridicidade, bem como sua importância como prática social.
Enfim, falaremos sobre a linguagem como comunicação no ciberespaço.
Vamos lá!
Linguagem como Prática Social
Linguagem Hipertextual
Linguagem Híbrida
Referências
Linguagem como Prática Social
Para entendemos a linguagem como uma prática social e como recurso essencial para o desenvolvimento de interação em ambientes virtuais de ensino e aprendizagem, precisamos primeiramente entender que é por meio da linguagem que fazemos coisas, agimos e alcançamos determinados objetivos por meio da interação social (MEURER, 2005, p.94; REIS, 2010).
Ao concebermos que a linguagem é funcional, entendemos que é por meio dela que podemos alcançar diferentes contextos sociais, culturais e específicos, pois é por meio da mediação da linguagem que interagimos e compartilhamos saberes de ordens diversas (BHATIA, 2004; REIS, 2010). Para Halliday (1989, p.3-4; 2004, p.31), linguagem é um sistema sociosemiótico que possibilita expressar significados em contextos linguísticos diversos.
Tendo em vista que a mediação pode ser realizada pela própria linguagem ou por qualquer outra ferramenta, por exemplo, gêneros, atividades ou tecnologias, as discussões anteriores podem nos ajudar a explicar certas ações realizadas tanto no contexto presencial quanto contexto virtual.
Quando se pensa nos processos de ensino e de aprendizagem mediado por tecnologias educacionais, parece necessário levar em consideração diferentes fatores que fazem parte desses processos, tais como os instrumentos usados no ensino, a ferramenta de mediação para a interação, o objeto de aprendizagem, os gêneros, as atividades em que os alunos irão se engajar para interagir e produzir linguagem.
No caso de explorar gêneros digitais no ensino de línguas, tem-se à disposição, ao mesmo tempo, a ferramenta que dá suporte à prática social que se quer realizar e, também, a possibilidade de estudar a linguagem produzida nesse contexto resultante dessa interação.
Portanto, tendo em vista à produção de material didático digital, faz-se necessário conhecer as práticas sociais, as atividades e os contextos em que os participantes de ambientes virtuais de aprendizagem se engajam (REIS, 2010).
As práticas sociais são constituídas na vida social, nos domínios da economia, da política e da cultura, incluindo a vida cotidiana, assim como no ciberespaço (REIS, 2010).Essas discussões prévias ajudam explicar certas ações realizadas no contexto virtual. Para tanto, é importante atentar para a proposta didática e as atividades que se pretende propor aos participantes do contexto virtual. Definir os objetivos das tarefas com clareza parece ser a maneira de fazer com que os alunos envolvidos no processo de ensino mediado por tecnologias educacionais tenham mais consciência daquilo que irão realizar. Em cursos a distância, é importante verificar a compreensão dos alunos quanto à realização das mesmas, principalmente porque depende-se dessa compreensão para que os alunos realizem as tarefas e possam interagir e produzir conhecimento. Para tanto, a linguagem utilizada nas instruções das atividades precisam ser claras e objetivas para que os alunos compreendam as tarefas propostas.
Nesse sentido, o papel desenvolvido por tutores de cursos a distância é imprescindível, especialmente por eles terem o papel de ajustar e esclarecer as dúvidas dos alunos participantes de cursos a distância. Em cursos a distância, é fundamental ver os alunos interagindo e sendo motivados a realizarem as tarefas propostas para que haja aprendizagem(REIS, 2010).
Linguagem Hipertextual
Pensando em particularidades da linguagem no ciberespaço, apontamos dois aspectos essenciais: a linguagem hipertextual e a linguagem híbrida. A linguagem hipertextual possibilita conexões interdisciplinares e também abre possibilidades interativas. O Hipertexto é um instrumento de escrita-leitura coletiva.
Como André Parente nos fala, “em torno do hipertexto encontramos alguns dos mais importantes paradigmas do pensamento da contemporaneidade – velocidade, não-linearidade, interatividade, metamorfose, multiplicidade, entre outros. Com o hipertexto, descobrimos um pensamento da complexidade que se faz em rede” (Parente, 1999, p.7). Um texto em formato digital apresenta-se reconfigurável e multimídia, operando com signos textuais, visuais e sonoros, em tempo real e/ou em rede móvel, ligado por conexões e associações que produzem e transmutam sentidos.
A estrutura hipertextual traz características peculiares ao contemporâneo, como a velocidade, as conexões, o caleidoscópio. De acordo com Lévy (1999, p.57-61): “Tudo se dá como se o autor de um hipertexto constituísse uma matriz de textos potenciais, o papel dos navegadores sendo o de realizar alguns desses textos colocando em jogo, cada qual a sua maneira, a combinatória entre os nós. O hipertexto opera a virtualização do texto. [...] Com o hipertexto, toda leitura é uma escrita potencial.”
De acordo com o autor (1993), o hipertexto apresenta seis princípios abstratos: princípio de metamorfose (permanente jogo com os atores envolvidos); principio de heterogeneidade (todos tipos de elementos e associações possíveis); princípio de multiplicidade (organização fractal); princípio de exterioridade (não possui uma unidade interna, dependendo de um exterior indeterminado); princípio de topologia (a rede é o espaço); princípio de mobilidade de centros (estrutura rizomática, não central).
De acordo com Pierre Lévy (1993, p. 121): “Um modelo digital não é lido ou interpretado como um texto clássico, ele geralmente é explorado de forma interativa. Contrariamente à maioria das descrições funcionais sobre o papel ou aos modelos reduzidos analógicos, o modelo informático é essencialmente plástico, dinâmico, dotado de uma certa autonomia de ação e reação”. Via o hipertexto e a interatividade dá-se a produção de sentido, uma vez que o receptor cria uma narrativa própria, produz um corpo real virtual e abala as fronteiras entre o individual e o social.
Colocamos, aqui, que a importância de pensarmos processos de ensino-aprendizagem baseados não somente em informações dadas, mas fundamentados em problematizações de realidades via processos interativos coletivos com base na cooperação. Os conceitos não são simples e universais, mas abertos, complexos, múltiplos em um ambiente virtuais plástico, híbridos em que cada interpretar abre outro interpretar, abrindo um ciclo de recursividade criadora. Ainda, deslocar um tipo de Educação que dá primazia para determinadas expressões de linguagem como a verbal (escrita e leitura), desconsiderando outras como a imagem e o som (Olivera, 2006).
Linguagem Híbrida
A linguagem no ciberespaço é essencialmente híbrida, indo contra a soberania da linguagem visual sobre as visuais e sonoras.
Para Bairon (2004), há atualmente possibilidades de uma metodologia hipermídia de pesquisa científica que ultrapassa a divisão: ciência (escrita e leitura) e a arte (imagem e som). Ela nos possibilita compartilhar ambientes digitais dialógicos, não lineares, interativos reticulados (um contexto imagético no qual habitarão as interações), compostos por subjetividades interconectadas.
De acordo com Bairon, a linguagem híbrida constitui-se de imagens abertas que remetem a outras conexões em uma rede interatividade, uma rede de conexões imagéticas na qual algo do inconsciente tem oportunidade de continuar sua teia de significações. Construímos de forma randômica (aleatória), criamos estruturas de acidentalização para o surgimento do universo sígnico. A expressão de diversas características imagéticas e sonoras se transformam em co-autoria.
No Ciberespaço, deslocamos um tipo de Educação que dá primazia para determinadas expressões de linguagem como a verbal (escrita e leitura), desconsiderando outras como a imagem e o som (relacionadas também ao campo da arte). A interface digital conjuga educação, linguagem e cognição, condicionando um modo de aprendizagem que se move pelas diversas áreas do conhecimento, promovendo interdisciplinaridade.
Produz-se textos móveis e maleáveis, promovendo o surgimento de um novo discurso eletrônico, novas territorialidades por deslocamento e descentramento, novos modos de subjetivação em redes virtuais a partir da dialogicidade, complexidade e multiplicidade.
Referências
BAIRON, S. (2004). Tendências da linguagem científica contemporânea em expressividade digital: uma problematização. In: Informática na Educação: Teoria & Prática.V.07-2.
BHATIA, V.K. Worlds of written discourse. New York: Continuum, 2004. p.3-81
LÈVY, P. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro:Ed. 34, 1993.
LÈVY, P. Cibercultura. São Paulo, Ed. 34, 1999.
HALLIDAY, M.A.K. An introduction to functional grammar. 3rd.ed. London: Edward Arnold, 2004.
_____. Part. In: HALLIDAY, M. A. K. & HASAN, R. Language, context and text: Aspects of language in a social-semiotic perspective. Oxford: Oxford University, 1989. p. 3-49.
OLIVEIRA, Andréia M. Um Olhar Sobre O Invisível: o Duplo Cognição E Criação No Território-Escola. Dissertação no curso de Psicologia Social e Instituicional. Porto Alegre: PSICO –UFRGS, 2006.
PARENTE, A. O virtual e o hipertextual. Rio de Janeiro, Pazulin, 1999.
REIS, S.C. Do discurso à prática: textualização de pesquisas sobre ensino de inglês mediado por computador. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2010.
REIS, S.C. Do discurso à prática: textualização de pesquisas sobre ensino de inglês mediado por computador. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2010.
Última atualização: quinta, 16 mai 2013, 11:53