1. Modos de Produção Colaborativa – MPC
PACC – Capacitação em Autoria e Coautoria em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem 2.1 Web Colaborativa Os sistemas tecnológicos são socialmente produzidos. A produção social é estrutrada culturalmente. A Internet não é exceção. A cultura dos produtores da Internet moldou o meio. Esses produtores foram, ao mesmo tempo, seus primeiros usuários. No entanto, no estágio atual de difusão global da Internet, faz sentido distinguir entre produtores/usuários e consumidores/usuários. Por produtores/usuários refiro-me àqueles cuja prática da internet é diretamente reintroduzida no sistema tecnológico; os consumidores/usuários, por outro lado, são aqueles beneficiários de aplicações e sistemas que não interagem diretamente com o desenvolvimento da internet, embora seus usos tenham certamente um efeito agregado sobre a evolução do sistema (CASTELLS, 2003, p. 34). Através da História da Internet podemos verificar um interessante percurso em direção ao desenvolvimento de um ambiente informacional colaborativo, que pela virtude de seus serviços e aplicações, possibilita, gradativamente, um maior grau de interação e interatividade. Nessa prática, indivíduos com diferentes potencialidades, (competências e habilidades convivem, por intermédio das Tecnologias em Rede, compartilhando e criando informações). Como períodos temporais de evolução da internet, podemos citar: a World Wide Web, a Web 2.0, a Web Semântica, e a Web Colaborativa. Em 1995, a Federal Networking Counsil define oficialmente que a expressão "Internet" deveria se referir ao sistema de informação global que é ligado por um endereço único global baseado no Internet Protocol (IP) e em suas extensões como o Transmission Control Protocol (TCP/IP). O fato é que a Rede Mundial de Computadores não foi projetada para uma única aplicação. Foi desenhada de forma ampla para configurar-se em uma "infraestrutura geral dentro da qual poderiam ser concebidas novas aplicações e novos serviços" (ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. 2010, p. 26). Nesse sentido a World Wide Web, idealizada pelo físico inglês Tim Berners-Lee (1996), é definida como universo da informação acessível na rede global. Em outras palavras, configura-se como um espaço abstrato onde orbitam páginas interconectadas de imagens, animações, textos e sons; Criando universos tridimensionais e vídeos onde os usuários interagem. A diferença básica entre Internet e World Wide Web reside no fato de que a primeira opera com elementos materiais (computadores, cabos, conexões) e a segunda atua diretamente na virtualidade (Hiperlinks, vídeos, sons, imagens e textos). Em 2004, Tim O' Reilly surgiu com o conceito de Web 2.0: Em fevereiro de 2006, o próprio O’Reilly publicou um artigo para esclarecer o conceito de Web 2.0, que, apesar de ser amplamente utilizado, nem sempre tem o significado atribuído adequadamente. A Web 2.0 é definida por O’Reilly como sendo um sistema de princípios e práticas que formam um verdadeiro sistema solar de sites que mostram alguns ou todos os princípios, a uma distância variável desse núcleo. Os princípios aos quais ele se refere são: a Web como plataforma; o aproveitamento da inteligência coletiva; os dados são o próximo Intel Inside; o fim do ciclo de lançamentos de softwares; os modelos leves de programação; o software em mais de um dispositivo; e a experiência rica do usuário (ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. 2010, p. 32). Para consolidação da World Wide Web, uma das dificuldades apresentadas pelo seu próprio idealizador (Berners-Lee) foi o fato de que a maioria das informações na Web é projetada para o consumo humano, assim a perspectiva da Web Semântica busca desenvolver linguagens para expressar a informação de forma processável por uma máquina. A Web Semântica foi elaborada através da criação de um conjunto de aplicações conectadas para dados na Web, de modo que se formasse uma rede dotada de lógica e consistência em seus dados. O plano criado em 1998 chamava-se Semantic Web Roadmap. A Web 2.0 acaba por modificar "as rotinas dos indivíduos na hora de navegar e gera uma sociotecnologia da informação que deve constituir-se em assunto vital na contemporaneidade para a compreensão dos efeitos sobre as constituições sociais, dos comportamentos humanos e de suas atividades, bem como para o estudo e a formalização do entorno gerado por essas tecnologias" (ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. 2010, p. 39). Dessa forma, a internet da atualidade possibilita, em sua trajetória, a construção de um saber colaborativo, caracterizado pela inteligência coletiva, pela transferência de informação em rede, pela observação de redes sociais e socialização do conhecimento. Existe nesse processo uma mudança significativa na estrutura do fluxo de conhecimento, potencializando a participação do usuário da Web. "Essa Web 2.0 constitui um ambiente informacional em que uma parcela importante da humanidade deixa de ser mero consumidor de bens simbólicos e, por práticas de colaboração e remix, passa a ser produtora de informação" (ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. 2010, p. 40). Assim, também se flexibiliza e modifica a noção de autoria, de propriedade intelectual e do conceito de autor. Na realidade, ocorre, no processo de criação, uma transformação onde passa-se a utilizar a ideia de recombinação, fazendo-se uso dos trabalhos de outros artistas e criadores de obras literárias. No contexto da Web 2.0, em especial na cibercultura, autoria não se relaciona mais àquele autor que surge a partir do século XIII com a imprensa de Gutenberg e o capitalismo. Ele já não é uma fonte de originalidade, um ser privilegiado capaz de criar obras de arte e literatura a partir de uma inspiração espontânea (ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. 2010, p. 40). Na Web Colaborativa, o usuário deixa de ser mero consumidor passivo. Conforme Lemos (2002) Sendo assim, ao analisar os usuários, devemos superar a perspectiva do uso correto ou não das máquinas de comunicação, marcados para sempre pelo estigma do consumidor passivo e envolvido por uma rede de estratégia dos produtores. Devemos vê-lo como agente. Hoje, se observarmos a dinâmica social da internet, poderemos identificar, na evolução do uso das máquinas de comunicar, uma certa busca de tactilidade, reforçando ainda mais a apropriação social destas (LEMOS, 2002, p. 260). Dessa forma, em universo de conectividade generalizada e de tecnologias em rede, modificam-se e reconfiguram-se as formas de criar, usar, reutilizar, recriar, disseminar e compartilhar conteúdos de informação. Essas potencialidades colaborativas estão explícitas em Blogs, Fóruns, Wikis, Redes Sociais, Websites. Todavia, o reflexo primordial se objetiva discutir no terceiro módulo deste curso é justamente o impacto dessa transformação social, cultural e antropológica na legislação de direito autoral brasileira. PACC – Capacitação em Autoria e Coautoria em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem 2.2 Wiki como MPC em Rede Atualmente podemos perceber, devido as mudanças em tecnologia, demografia, negócios e no mundo, que a participação das pessoas na economia aumentou. Essa participação foi tão significativa a ponto de que as novas colaborações em massa pudessem modificar a maneira como os bens e produtos são produzidos, inventados, comercializados e distribuídos mundialmente. Tal mudança oferece oportunidades de longo alcance a todos aqueles, sejam empresas ou pessoas, que estejam "conectados". "No entanto, nunca antes os indivíduos tiveram o poder ou a oportunidade de se conectar livremente em redes de colaboração para produzir bens e serviços de uma maneira tangível e contínua" (TAPSCOTT, WILLIAMS, 2006, p. 20). A maior parte da população encontrava-se excluída, e confinada a papéis econômicos limitados, seja como funcionários presos em burocracias organizacionais onde o chefe lhe ditava o que fazer, seja como consumidores passivos de produtos produzidos em massa. Com o avanço crescente da tecnologia da informação é possível que as pessoas tenham as ferramentas necessárias para colaborar, criar valor e competir. Desta maneira, milhares de pessoas se unem em colaborações auto-organizadas que produzem novos bens e serviços dinâmicos que competem com o das maiores e mais bem-financiadas empresas do mundo. "Esse novo modelo de inovação e criação de valor é chamado de peer production, ou peering – uma descrição do que acontece quando grupos de pessoas e empresas colaboram de forma aberta para impulsionar a inovação e o crescimento em seus ramos" (TAPSCOTT, WILLIAMS, 2006, p. 21). Diversos exemplos de peering tornaram-se conhecidos: a rede online MySpace, YouTube, Linux e Wikipédia – alguns modelos atuais de colaboração em massa. Um exemplo brasileiro para o peering, é o Wikicidade, um espaço no qual os moradores de Porto Alegre discutem a cidade de forma colaborativa, a rede social reúne cerca de 7 mil seguidores, cada um alimenta o site com informações que mais afetam o dia a dia. O objetivo desta rede é criar um espaço capaz de debater os rumos da capital do Rio Grande do Sul. O peering Wikipédia, é uma enciclopédia criada de maneira colaborativa, escrita por dezenas de milhares de pessoas. "Com cinco funcionários em tempo integral, ela é dez vezes maior que a Enciclopédia Britânica e tem aproximadamente a mesma precisão. Ela roda em um wiki, um software que permite aos usuários editarem o conteúdo das páginas da web. Apesar dos riscos iminentes a uma enciclopédia aberta à qual todos podem acrescentar as próprias opiniões e das batalhas constantes com detratores e sabotadores, a Wikipédia continua a crescer rapidamente em amplitude, qualidade e tráfego. A versão em língua inglesa tem mais de um bilhão de verbetes e existem 92 sites irmãos em línguas que vão desde o polonês e o japonês ao hebraico e ao catalão" (TAPSCOTT, WILLIAMS, 2006, p. 23). Com esses meios, os indivíduos podem agora "compartilhar conhecimento, capacidade computacional, largura de banda e outros recursos para criar vasta gama de bens e serviços gratuitos de código aberto que qualquer um pode usar ou modificar. E mais, as pessoas podem contribuir com os 'espaços digitais públicos' (digital commons) a um custo muito baixo para si próprias, o que torna a ação coletiva bem mais atraente. De fato, o peering é uma atividade bastante social. Tudo o que uma pessoa precisa é de um computador, uma conexão de rede e uma faísca de iniciativa e criatividade para se juntar à economia" (TAPSCOTT, WILLIAMS, 2006, p.22). Uma Atividade a Distância mediada pela ferramenta wiki é a solução mais eficiente para a redação colaborativa. Seu principal potencial é a produção colaborativa hipermidiática que permite que os estudantes trabalhem juntos, adicionando novas páginas web ou completando e alterando o conteúdo das páginas publicadas. Sua principal característica é a produção colaborativa (autoria e coautoria) – potencializando o diálogo-problematizador, interação e autonomia. O motivo pelo qual esta ferramenta vem se desenvolvendo é a formação de comunidades para a redação/produção colaborativa. Estas comunidades, no âmbito dos cursos da UAB, podem ser um pólo ou grupos dentro de um pólo.Uma atividade wiki exige empenho e rigor para a construção de objetos. É fundamental que os participantes entendam que existe um padrão a ser seguido para que todos consigam compreender e colaborar na produção. Isso requer que ela seja planejada, orientada e monitorada durante todo o processo de produção. PACC – Capacitação em Autoria e Coautoria em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem 2.3 Fórum como MPC em Rede O Fórum é um elemento potencializador de construção colaborativa. Através de debates alavancados pela ferramenta Fórum, podem ser desencadeados processos que estimulam a criação de uma cultura com olhar à pró-atividade em uma apropriação criativa e crítica das Tecnologias em Rede para a cosntrução do saber em qualquer área do conhecimento. Nesse sentido, o Fórum constitui também forma de Inclusão Social, Cultural e Digital. Assim, essa ferramenta quando combinada com elementos Hipermidiáticos possibilita a ligação de elementos separados de mídia para a construção de uma trilha/caminho de associação pessoal que possibilite a transmissão flexível e combinatória, fortalecendo os processos interativos. O Fórum pode, em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem (a exemplo do Moodle), consolidar-se como Atividade a Distância que potencializa o diálogo-problematizador, possibilitando interação assíncrona entre os participantes. O fórum permite que várias frentes de discussão, sobre um recorte do conteúdo escolar, fiquem abertas simultaneamente. É uma atividade que exige fluência com a ferramenta, e os estudantes devem estar motivados para a discussão do assunto proposto, pois, sua principal característica é a colaboração.O conteúdo do diálogo num fórum precisa ter origem nos Recursos Didáticos, portanto, tematizados pelos conhecimentos científico-tecnológicos da disciplina. As Atividades a Distância do tipo fórum não podem ser confundidas com os chamados off-topic (fora do tópico), happy hour ou, no bom português, Fórum-Café. Estes não são tematizados pelos conteúdos científico-tecnológicos das disciplinas e não podem ser considerados para os processo de avaliação do ensino-aprendizagem. PACC – Capacitação em Autoria e Coautoria em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem 2.4 Blog como MPC em Rede Em 1994, o web log ou blog se popularizou na Web, jovens e adolescentes passaram a utilizá-lo para compartilhar opiniões e como fonte de informação. Na atualidade, ele se constitui como fonte de informação não só informal, mas como fonte científica, tecnológica, artística e cultural. Lemos (2005) nos revela que o blog é "um grande instrumento de divulgação de informação fora do esquema do mass media, aumentando a possibilidade de escolha de fontes de informação por parte do cidadão comum”. Os blogs possuem recursos que lhes garantem o dinamismo necessário para torná-los uma rede em constante movimento, tornando-os diferentes de uma página comum da rede. Dentre esses recursos, podemos citar o RSS (é uma tecnologia de formato de arquivo padronizado), RSS feed (RDF Site Summary ou Really Simple Syndication) – (o primeiro é utilizado para enviar atualizações de blog; o segundo é usado para criar homepages com fluxos de dados regularmente atualizados), o permalink (é o endereço permanente da Internet, é utilizado como identificador permanete de post ou artigos específicos do blog, é um facilitador de acesso aos conteúdos informativos) e o trackback ou link de retorno (cria links automáticos de notificação, quando por exemplo um usuário cria um post referindo-se a um post de outro blog e insere a URI de trackback desse outro blog, é gerado uma notificação para esse blog indicando que seu post foi citado). Dessa forma, podemos vislumbrar que "os blogs representam uma mudança radical na dinâmica de criação de conteúdo. A participação coletiva gera resultados melhores do que a análise de qualquer documento individual. Por serem os blogueiros os mais produtivos e atualizados usuários de links, e pelo fato de os mecanismos de busca usarem a estrutura de links para predizer páginas importantes, os blogs exercem um papel desproporcional nos resultados das buscas, além de aumentar a visibilidade e poder dos próprios blogs, pois é prática da comunidade de blogueiros a autorreferência" (ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. 2010, p. 45). Percebemos então que os blogs potencializam a inteligência global e como revela O'Reilly (2005) a rede tem o pode de tirar partido da inteligência coletiva. "À medida que os usuários adicionam conteúdo e sites novos, esses passam a integrar a estrutura da rede à medida que outros usuários descobrem o conteúdo e se conectam com ele. Do mesmo modo que se formam sinapses no cerébro – com as associações fortalecendo-se em função da repetição ou da intensidade – a rede de conexões cresce organicamente, como resultado da atividade coletiva de todos usuários da rede" (O'Reilly, 2005, p.9). Como um exemplo de blog, podemos citar o Blogger, um site gratuito que permite criarmos nosso próprio blog. Uma atividade a distância mediada pela ferramenta blog pode funcionar como um fórum, pois as produções são publicadas em sequência, alinhadas cronologicamente. Esta atividade, contudo, é mais linear. No Moodle, o blog é uma ferramenta de atividade de interação numa perspectiva social e é conceitualmente superior a um diário íntimo. Significa registro ou entrada equivalente a um “diário de bordo de um navio”, tendo a função de registrar os acontecidos da viagem, para, em caso de acidente, ajudar na reconstituição dos seus motivos. Em educação esta também é a função: registrar os acontecidos no percurso formativo ou reconstituir percursos já vividos. Segundo Spyer (2007), o blog não faz sentido sem a blogosfera, termo que representa as interligações de todos os blogs para formar uma comunidade ou uma rede social. Portanto, apesar de a ação de registro ser individual, o objetivo é o compartilhamento das informações. Assim, é possível compartilhar registros com colegas e professores com interesses afins. PACC – Capacitação em Autoria e Coautoria em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem 2.5 YouTube como MPC em Rede O site You Tube, foi criado em fevereiro de 2005 e em outubro de 2006 passou a ser propriedade do Google, esta ferramenta permite que os usuários possam carregar e compartilhar vídeos em formato digital. É a maior comunidade de vídeos on-line de maior popularidade do planeta, ele permite aos seus usuários descobrirem, olharem e compartilharem vídeos em formato original. Além disso o website oferece fóruns de conexão entre os usuários (os usuários podem solicitar e fornecer ajuda a outros usuários sobre o próprio YouTube, como podem trocar opiniões, sugestões e críticas sobre as funcionalidades do produto) e atua como plataforma de distribuição para criadores de conteúdos originais e de propagandas, tanto em pequena quanto em grande escala. "Em janeiro de 2009, o YouTube bateu recorde e atingiu cem milhões de usuários, que assistiram a 6,4 bilhões de vídeos em uma média de 62 vídeos, segundo noticiou o website Globo.com. O site também informava que o Google, proprietário do YouTube, possui 43% do total de vídeos que circulam pela rede. Barifouse (2009, p.1) em maio de 2009 destacava, no site Época Negócios de maio de 2009, o fato de o YouTube colocar na rede vinte novas horas de vídeo a cada minuto – o equivalente a lançar 114 mil novos filmes a cada semana" (ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. 2010, p. 55-56). O YouTube em sua página inicial apresenta do lado esquerdo da página imagens-ícones de acesso aos vídeos. Do lado direito, existem propagandas institucionais ou de empresas conveniadas e diversos links, que o usuário pode evidenciar as características de colaboração e compartilhamento que tornam o YouTube parte do ambiente informacional da Web Colaborativa."No contexto da nova configuração cultural, em que a participação do usuário na criação, na recriação, no compartilhamento, no uso, no reúso e na disseminação da produção intelectual registrada é crescente em virtude das facilidades providas pelas TIC, a preocupação quanto a aspectos legais relativos a tais práticas deve estar presente. É relevante que a sociedade, em geral, e o profissional da informação, em especial, saibam sob que condições elas podem ser realizadas em benefício da construção do saber compartilhado" (ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. 2010, p. 56). PACC – Capacitação em Autoria e Coautoria em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem 2.6 Redes Sociais como MPC em Rede Na década de 1980, os primeiros anos da utilização da Internet foram anunciados como "o início de uma nova era de comunicação livre e realização pessoal nas comunidades virtuais formadas em torno da comunicação mediada pelo computador. Declarações como a de John Perry Barlow, cofundador da libertária Electronic Frontier Foundation, são representativas dessa tendência profética: Estamos criando um espaço em que as pessoas do planeta possam ter [um novo] tipo de relação de comunicação: quero ser capaz de interagir plenamente com a consciência que está tentando se comunicar comigo" (CASTELLS, 2003, p.100). Nesse sentido, como citado anteriormente no item 2.1, a Web possui um contexto evolutivo histórico que pode, na atualidade, trabalhar com a idéia de Web Colaborativa. Assim, as também contribuem para esse processo. Atualmente, pode-se estudar tais redes através de uma lente que possibilite observações acerca do fluxo e transferência de informações. Dessa forma, uma das diversas utilizações pragmáticas das Redes Sociais é a contribuição para a disseminação e amplitude de Movimentos Sociais; mais especificamente na manutenção de movimentos tradicionais, na criação de novos movimentos, na informação para cultura democrática e cidadã, na organização de ações estratégicas. Pode-se perceber as Redes Sociais como grupos de interesse que interagem por meio de relacionamentos comuns. Desse processo podem advir construções colaborativas nas mais diversas áreas: profissional, social, negócios, educação, formação de grupos, ações sociais, estratégias de governo. Enfim, a perspectiva de um software social de interface amigável pode integar, como Tecnologia da Informação e Comunicação, recursos hipermidiáticos através de Hiperlinks que propiciem interação e interatividade constante de aplicabilidades variadas. Em outras palavaras, o compartilhamento de informação e conhecimento possibilita ações reflexivas acerca não somente do uso dos recursos humanos, mas também, mas também sobre a aplicabilidade da informação vinculada. Ou seja, a boa estruturação da rede ou do ambietne virutal utilizado, a seleção de informações e conhecimentos e a cosntrução de ações estratégicas podem ser execelentes aliados para inovação e aprendizagem colaborativa. PACC – Capacitação em Autoria e Coautoria em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem 2.7 Plataforma Moodle como Integradora de MPC em Rede 2.7.1 O que é o Moodle? A UFSM aderiu, há vários anos, ao Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB, e, desta forma, existe uma cultura já consolidada – em termos de pesquisa e desenvolvimento científico, tecnológico e educacional – ao ambiente virtual de ensino-aprendizagem livre Moodle – Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment. Essa tecnologia educacional é a plataforma virtual de comunicação, informação e ensino-aprendizagem, e vem garantindo a implantação e consolidação da gestão e realização de cursos na modalidade a distância pelo sistema UAB. Atualmente, temos oito cursos de pós-graduação e sete cursos de graduação mediados tecnologicamente pelo Moodle, que funciona no endereço http://nte.ufsm.br/moodle. O Moodle hoje é uma tecnologia educacional livre para Internet, consolidada mundialmente devido, em grande parte, ao trabalho colaborativo em rede (http://moodle.org). Ele não está apenas em universidades, mas em escolas secundárias, escolas primárias, organizações não lucrativas, companhias privadas, e também é usado por professores independentes. Segundo dados obtidos em http://moodle.org/sites/, há cerca de quarenta e nove mil servidores baseados no Moodle instalados em todo o mundo, em duzentos e nove (209) países diferentes. A figura abaixo representa o número de servidores Moodle instalados em todo o mundo. Quanto mais escura for a "pintura" no país, maior o número de sites Moodle instalados.
Figura: Mapa de Localização dos Servidores Moodle. O Moodle organiza o ambiente escolar, administrativo e pedagógico por meio do fomento ao uso de tecnologias de informação e comunicação. Essas características são discutidas a seguir. 2.7.2 O Moodle é um Software Livre e de Código Aberto O Moodle está em processo de permanente evolução através de uma grande comunidade de desenvolvedores, em centenas de países. Todos os seus desenvolvedores são livres para carregar, usar, modificar e redistribuir essas modificações para a comunidade (liberdades). Isso permite uma maior agilidade em relação à descoberta e à correção de possíveis falhas no software, além de favorecer o desenvolvimento de novos módulos que podem ser compartilhados com todos. Além disso, é possível realizar atividades de integração do Moodle com os sistemas pregressos de gestão educacional da Universidade Federal de Santa Maria. Como o Moodle possui o Código Fonte Aberto, é possível integrar os dois sistemas. O Moodle utiliza como base tecnológica para seu funcionamento plataformas livres As soluções de Gerenciadores de Sistemas de Banco de Dados, Sistema Operacional, Servidor Web e Linguagem de Programação utilizadas no desenvolvimento e manutenção do Moodle também são centradas na filosofia do software livre. Isso aumenta a flexibilidade para a implantação do sistema na medida em que diminui os custos e não incorre na necessidade de manter contratos de qualquer espécie com empresas terceiras. Mas o que são Gerenciadores de Sistemas de Banco de Dados, Sistemas Operacionais, Servidores Web e Linguagens de Programação? Esses conceitos serão explicados mais a frente, quando nos detivermos no funcionamento do Moodle. 2.7.3 O Moodle é um sistema escalável Conforme aumentam o número de usuários e o de cursos , é possível trocar a solução tecnológica para melhorar o desempenho. Um exemplo: podemos ter o Moodle instalado em diversos servidores, funcionando como um só, o que aumenta o desempenho do sistema de forma transparente ao usuário. É mais ou menos o que faz o Google. Se tiver curiosidade em saber como o Google processa informações, consulte o seguinte infográfico. 2.7.4 O Moodle é organizado em categorias, sub-categorias e cursos Com essa divisão em três camadas, é possível implementar a gestão organizacional da UFSM, que está estruturada em Centros de Ensino, Cursos de Graduação/Pós-Graduação e Disciplinas. Essa característica é importante, pois se, por um lado, não impõe uma sobrecarga cognitiva, visto que a organização escolar da UFSM já está consolidada, por outro lado, permite que a instituição se recicle como gestora de seus cursos e disciplinas, organizando o fazer educacional em um ambiente único que é acessado por todos os participantes: gestores, estudantes e professores. 2.7.5 O Moodle é modular Diversas ferramentas de recursos e atividades educacionais podem ser adicionadas de acordo com os objetivos pedagógicos do professor. Essa característica permite uma maior aproximação com suas opções didáticas cotidianas. O professor também pode diferenciar e integrar atividades individuais e colaborativas, flexibilizando a mediação tecnológica no tempo didático. Dessa forma, uma ferramenta disponibilizada pode assumir diferentes funções dentro da disciplina, dependendo da opção didático-metodológica do professor e das intencionalidades educativas. Além disso, conforme explicitado no primeiro item, a possibilidade de agregar novos módulos que podem ser implementados dentro da própria instituição ou por terceiros, amplia o leque de opções didáticas do professor. 2.7.6 O Moodle utiliza a concepção de perfil de usuários O Moodle possui seis categorias de perfil (além de permitir a criação de novos):
Dessa forma, é possível controlar o gerenciamento das disciplinas dos cursos e da instituição como um todo, alterando-se o perfil dos envolvidos no ensino-aprendizagem, de acordo com as necessidades educacionais que surgirem. 2.7.7 O Moodle implementa uma série de ferramentas administrativas Essas ferramentas organizam o trabalho de gestão e acompanhamento dos cursos de graduação. Dentre elas, citam-se: os sistemas de backup e recuperação de cursos/disciplinas; o acesso a arquivos de registro de atividades, permitindo rastrear quaisquer atividades consideradas suspeitas (segurança e privacidade são aspectos fundamentais quando da implantação de um sistema informatizado de acesso via Internet); o gerenciamento de arquivos de um curso; o gerenciamento de usuários e o monitoramento do sistema – estatísticas de utilização da plataforma de software e hardware. Aqui cita-se, como característica importante para a implantação dessa tecnologia educacional nas disciplinas dos cursos a distância, a possibilidade de criar uma nova turma de uma disciplina, contendo todo o material didático e as opções pedagógicas implementadas pelo professor, sem as interações/intervenções realizadas pelos estudantes da turma predecessora. Dessa forma, é possível evitar o retrabalho do professor, contribuindo, ainda, para a melhoria e a inovação contínua de suas atividades docentes, com o aprimoramento e atualização dos recursos educacionais desenvolvidos digital e virtualmente. Considerando os itens explanados anteriormente, o Moodle se torna uma opção viável-possível e aglutinadora, com bom potencial articulador dos projetos das unidades universitárias da UFSM, tanto do ponto de vista tecnológico educacional como de gestão acadêmica. PACC – Capacitação em Autoria e Coautoria em Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem 2.8 Referências ARAIA, ERM, and VIDOTTI, SABG. Criação, proteção e uso legal de informação em ambientes da World Wide Web [online]. São Paulo: Editora Unesp; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 144p. Available from SciELO Books. <http://books.scielo.org>. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. - A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Vol. 1. Trad. Roneide V. Majer. São Paulo: Paz e Terra, 2007. CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os Negócios e a Sociedade. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Editora Sulinas, 2002. TAPSCOTT, Don; WILLIAMS, A. D. Wikinomics: Como a Colaboração em Massa pode mudar o seu Negócio. Trad. Marcello Lino. Rio de Janeiro: Nova Fornteira, 2007.
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