Caso você tenha dúvidas, entre em contato com os tutores e a professora para mais esclarecimentos. Boa Leitura!
- Interação no contexto digital
- Interação e mediação em Vygostky
- Linguagem como recurso de interação
- Interação e interatividade: novas problematizações e conceitos
- Referências bibliográficas
Ao pensarmos nos processos de ensino e aprendizagem presencial ou mediado por tecnologias educacionais, a palavra INTERAÇÃO se torna crucial!
Para entendermos um pouco mais sobre a importância do desenvolvimento da interação no ensino a distância, buscamos destacar alguns conceitos essenciais a partir de estudos vygostkianos.
A Teoria sociocultural procura explicar a aprendizagem e o desenvolvimento como processos mediados, pois, para Vygostky, o desenvolvimento cognitivo do ser humano se dá, sobretudo, pela interação social (Vygostky, 1987;1989; REIS, 2004).
Mais especificamente, a Teoria Sociocultural visa explicar as relações entre a ação humana e as situações culturais, institucionais e históricas onde elas ocorrem (DANIELS, 2001, p.105; REIS, 2004).
Do mesmo modo, no contexto digital, buscamos por meio de ferramentas digitais desenvolver a interação social dos participantes desse contexto em situações que gerem aprendizagem.
Para tanto, ao inserimos nossos alunos em contextos digitais, devemos orientá-los a explorar ferramentas que façam a mediação de conteúdos e possibilitem realizar ações que promovam a aprendizagem.
Para exemplificar, pense neste momento em um conteúdo de sua área de conhecimento que esteja disponível em uma página web como esta que você está lendo. Por meio de um recurso como este, podemos despertar o interesse do aluno para determinado temas, permitindo que ele interaja por meio de hipertextos a outros conteúdos que estão interligados na Web por meio de links.
Por meio de uma página web como esta que lemos, podemos chegar a um blog, a um vídeo no youtube, e nesses outros contextos aprender, ou ainda gerar discussão que permitam os alunos opinar, avaliar, expressar atitudes com relação a determinados temas.
Ao acessar algumas ferramentas digitais, os alunos podem buscar a solução de uma tarefa proposta, por meio da pesquisa ou de colaboração com outros.
2. Linguagem como recurso de interação
Se interagir é uma ação fundamental para gerar desenvolvimento e aprendizagem, outro conceito central nos estudos vygostkianos é o de Mediação (DANIELS, 2001, p.16).
Para Vygotsky, a linguagem é vista como um dos principais instrumentos de mediação pelo qual o indivíduo interage e se desenvolve no contexto sociohistórico em que está inserido (DANIELS, 2001; REIS, 2004).
Se aprendemos por meio de experiências repetidas, em que não há necessariamente um planejamento da atividade ou, por meio da interação com outros, requisitando a assistência de outro para atingir o objetivo proposto (VYGOSTKY, 1998, p.39), faz-se necessário interagir para produzir conhecimento dentro do espaço cognitivo denominado - Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD) (REIS, 2004, p. 25-26).
Para conhecer é preciso atuar sobre o objeto e interagir com outros sujeitos. Conforme Piaget, em um processo de assimilação e acomodação por meio de equilibrações e desequilibrações e, segundo Vygostky, em um processo de aprendizagem por intermédio de um expert. A aprendizagem ocorre em um processo de modificação estrutural produzida em um jogo de assimilação e acomodação. Educação do não dado, mas do processo interativo de significação (OLIVEIRA, 2007).
Para Oliveira (2010), o conhecimento se produz na interatividade. Entende-se que qualquer experiência implica em interatividade entre corpos e meios associados (tecnológicos e geográficos), ou seja, as experiências se constituem por relações intensivas entre corpos e meios em processos de interatividade.
Todavia, constata-se que os processos de interatividade nunca ocorrem de modo totalitário, nunca dar-se-á uma experiência totalmente interativa, uma vez que há diferentes graus de interatividade envolvendo um sistema entre objeto-sujeito-meio.
Para Alex Primo (2011), a interatividade ocorre de modo relacional e sistêmico, diferenciando-se qualitativamente. A interação é “entendida como a “ação entre” os participantes do encontro (inter+ação)(Primo, 2011, p.13). Dentro de uma abordagem sistêmico-relacional, ele aponta dois tipos de interação mediada por computador: interação mútua e interação reativa.
Primo (2011) busca “uma abordagem que se preocupa basicamente com o relacionamento entre os interagentes – muito diferente das perspectivas tradicionais que se dedicam ao estudo do interagente individual ou à análise do meio” (2011, 40).
“Não se faz uma distinção do que é ou não interação, ou seja, os intercâmbios mantidos entre dois ou mais interagentes (seres vivos ou não) serão sempre considerados formas de interação, devendo ser distinguidos apenas em termos qualitativos” (2011, p. 56).
3. Interação e Interatividade: novas problematizações e conceitos
As facilidades oferecidas pelas atuais tecnologias vêm modificando as possibilidades de interação à distância, colocando à disposição dos alunos e de professores ambientes virtuais de aprendizagem visando a interatividade.
Belloni (1999) busca esclarecer a diferença entre o “conceito sociológico de interação – ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre intersubjetividade, isto é, encontro de dois sujeitos” e a "interatividade - “potencialidade técnica oferecida por determinado meio” ou “a atividade humana, do usuário, de agir sobre a máquina, e de receber em troca uma “retroação” da máquina sobre ele” (p. 58).
Já Lévy (1997) aborda a interatividade como um problema, justificando isso porque o termo é usado, muitas vezes, a torto e a direito sem saber de que se trata. Isso só comprovaria o que já sabemos há muito tempo: ou que as pessoas dissociam, muitas vezes, a palavra (signo) da coisa ou que usam a mesma palavra para significar aspectos diferentes que não são devidamente explicitados.
O problema não está no uso do mesmo termo, mas em não explicitar o que se entende por ele.
Tendo em vista as discussões anteriores, neste curso, discutiremos no Fórum algumas leituras que problematizam a definição dos termos Interação e Interatividade. Para isso, visite o link " Leituras Obrigatórias" para lemos sobre "Interação Mútua e Interação reativa" .
Boa Leitura!
BAZERMAN, C. Gêneros textuais, tipificação e interação. São Paulo: Cortez Editora, 2005. p.9-68.
_______ PRIOR, P. Introduction. In: BAZERMAN, C.; PRIOR, P. (Org.). What writing does and how it does it: an introduction to analyzing texts and textual practices. Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 2004. p.01-10
BELLONI, M.L. Educação à distância. 2.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2001. 126 p.
DANIELS, H . Vygostky e a pedagogia.Edições Loyola, 2001.
OLIVEIRA, Andréia Machado, FONSECA, T. M. G., BIAZUS, M. C. V. O Uso Da Web Em Produção Multimídia Na Área De Artes Visuais. Informática na educação: teoria & prática. , v.10, p.41 - 55, 2007.
REIS, S.C. Do Discurso à Prática: Textualização de pesquisas sobre o Ensino de Inglês mediado por Computador. Tese. Doutorado em Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2010.
_______. A intervenção pedagógica do professor em contextos diferenciados: a oferta de andaimes na aula de inglês presencial e a distância. Mestrado em Línguistica Aplicada.Instituto de Estudos da Linguagem, IEL, UNICAMP, Campinas, SP, 2004.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
_________. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987